domingo, 25 de março de 2012

(SP) BAURU: Escolta armada tem 1ª mulher a atuar no Estado

Filha de nordestinos e campineira de nascença, Jessy Ferreira de Almeida, 39 anos, é a primeira mulher a coordenar uma escolta armada no Estado de São Paulo. Morando atualmente em Bauru e dividindo-se entre o trabalho e a família, Jessy conta ao JC os desafios vividos em meio à  profissão, ainda cercada por rótulos machistas.

“Entrar para uma área onde só os homens dominam não foi fácil. Eu não conhecia muita coisa, mas fui aprendendo. Meu diretor dizia que eu tinha o perfil ideal para o trabalho. Com o passar do tempo, os vigilantes perceberam minha capacidade e acabaram me transformando numa das figuras mais respeitosas da empresa. Hoje o pessoal me trata como a ‘musa’ da escolta”, brinca  Jessy, que há 18 anos atua na coordenação da escolta armada da empresa de segurança Mult Service.

O começo da carreira foi cercado por maus olhares e resistência, admite Jessy sobre sua atuação na segurança. “Os clientes me ligavam e me tratavam como senhor Jessy. Teve caso de pessoas que foram até a empresa para reuniões e ao me verem se assustaram, chegando até mesmo a perguntar se eu era gay (risos)”, lembra.

A coordenadora da escolta armada conta que em sua infância nunca cogitou a hipótese de seguir uma profissão que lidasse diretamente com armas. Antes de entrar para a equipe de segurança, Jessy foi babá, vendedora e, por último, trabalhou como telemarketing no jornal “O Estado de São Paulo”.

Nascida em Campinas, a mulher conta que veio a Bauru tentar a vida e acabou convidada pelo diretor da empresa Mult Service para fazer uma experiência por dois meses. Do período temporário de trabalho na filial de São José dos Campos, Jessy passou a colecionar promoções.

Atualmente, Jessy é coordenadora de escoltas da empresa em todo o Estado de São Paulo. Vigilantes das filiais da Mult Service em Bauru, Ribeirão Preto, São Paulo e Uberaba-MG se submetem às orientações dela.

Ao entrar para o time da Mult Service, ela conta que precisou renunciar a muitas coisas, como por exemplo, o tempo de dedicação a sua própria filha, Jeniffer, 24. “Meu marido morreu, éramos somente eu e ela. Acabei me envolvendo e me apaixonando demais pela profissão e ela entendeu, nunca foi contra. Hoje temos uma boa condição e ela me acompanha 24 horas por dia pelo telefone”, completa.

Batom e brinco X  coturno e farda

Em contraste aos coturnos, coletes à prova de balas e armamentos dos mais variados calibres, surge a cor vibrante do batom, os brincos e os cabelos tingidos e alisados de Jessy Ferreira de Almeida. “Um dia estou no escritório da empresa atendendo clientes de sapato de salto noutros estou em escoltas com um par de botinas coordenando o pessoal”, enfatiza.

A coordenadora da escolta armada da Mult Service viaja o país inteiro com diversas equipes trajando fardas e portando armamentos. Apesar do traje grosseiro e masculinizado, ela ressalta que nunca deixou a feminilidade de lado.

Para Jessy Almeida, o fato de ser mulher acabou mais ajudando do que atrapalhando na hora de coordenar a equipe de homens.

“Tenho um ótimo relacionamento com a esposa dos vigilantes também. Meu celular fica 24 horas ligadas para que elas entrem em contato comigo caso algo aconteça e eles precisem ser comunicados. A atenção e respaldo para os funcionários e suas famílias são importantes para o sucesso das escoltas. Eles viajam mais tranquilos e elas ficam bem em casa”, salienta a mulher, que confessa agir, na maioria das situações, guiada mais pela emoção do que pela razão.

FONTE: PEDERNEIRAS DE FATO

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