domingo, 22 de janeiro de 2012

(RS) Transporte de valores ganha mais segurança

O emprego da tecnologia como uma ferramenta para aumentar a segurança no transporte de valores está difundindo-se cada vez mais no Brasil. O uso de softwares e equipamentos, como cofres e maletas inteligentes, ganha espaço nessa área. Uma empresa que está acreditando nesse segmento é a eWave do Brasil. A companhia desenvolveu uma solução tecnológica que envolve comunicação de dados, armazenamento e otimização das decisões.

O gerente de produto da eWave do Brasil, Giovane Cesar, explica que um banco precisa fazer a gestão do volume de dinheiro em espécie que se encontra em suas agências. A instituição precisa dispor de uma quantia considerável para atender às necessidades dos seus clientes, porém, não pode ser depósito de um montante exagerado capaz de causar um grande prejuízo no caso de ser vítima de um eventual assalto.

Focando essa característica, a ferramenta elaborada tem o objetivo de melhorar a comunicação da administração central do banco com a agência. Para isso, são utilizados protocolos de comunicação criptografados e armazenamento de dados, entre outras ações.

Com a base tecnológica implementada, o segundo passo é proceder a uma análise do histórico da instituição e tentar estabelecer uma previsão estatística da movimentação de valores futura. Após, é montado um modelo matemático que vai determinar em que dias e quais valores devem ser encaminhados para as agências para suprir a demanda e minimizar os custos logísticos envolvidos. O recurso considera também as situações não esperadas e faz configurações de cenários (limites de segurança, simulação de quebra de caixas eletrônicos etc.).

O CEO da eWave do Brasil, Nimrod Riftin, ressalta que o investimento no sistema é recuperado com a otimização dos processos. Ele comenta que um banco já está implementando a solução e a expansão do produto se dará em 2012. “Vimos uma necessidade real do mercado por esse serviço”, afirma Riftin.

A empresa, que desenvolve ainda outras soluções para o setor de transporte e logística, possui fábrica de software em Curitiba e matriz comercial em São Paulo, além de escritórios comerciais no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. No primeiro semestre de 2012, a eWave abrirá mais três escritórios, em Recife, em Manaus e em Porto Alegre.

Outra companhia que trabalha com soluções tecnológicas para a área de transporte de valores é a ApoioWare Technology. Representante oficial da suíça Villiger no Brasil, a empresa comercializa no País, entre outros produtos, a maleta inteligente utilizada para o deslocamento de dinheiro. O mecanismo funciona com programação de tempos e com sensores de contato fixados na alça. “Ela consegue perceber quando está sendo roubada”, esclarece o diretor de operações da ApoioWare, Fernando Fernandes do Nascimento.

Se a maleta não chegar ao destino correto no prazo estipulado, sofrer trepidações ou calor excessivo, ela reage emitindo um som estridente, fumaça e mancha o dinheiro com tinta. O executivo salienta que o uso do equipamento é amplamente difundido na Europa. No Brasil, o custo de uma maleta inteligente é de cerca de R$ 3 mil. Nascimento acrescenta que o Banco Central aceita reemitir os números de série das notas que sejam manchadas em decorrência de um roubo. Nesse caso, a companhia de seguro, que garante a transportadora, pode encaminhar o pedido de reemissão das notas e o Banco Central cobra somente pela impressão delas.

Roubos a carros-fortes vêm caindo no Estado graças ao aumento de cuidados

Conforme um levantamento feito pela secretaria estadual de Segurança Pública, o número de roubos de carros-fortes no Rio Grande do Sul vem diminuindo nos últimos anos. De janeiro até 12 de dezembro de 2011, não havia sido constatada qualquer ocorrência nesse segmento no Estado, contra apenas duas registradas durante o ano anterior.

Entre os anos de 2000 e 2011, a secretaria havia apurado 39 roubos dessa natureza. O período em que foi verificado o maior número de incidentes foi 2002, com sete ocorrências. Além da tecnologia, a especialização dos profissionais que realizam o transporte de valores foi fundamental para inibir os assaltos.

O presidente do Sindi-Vigilantes do Sul, Evandro Vargas dos Santos, destaca que a atividade precisa ser exercida por pessoas habilitadas para essa espécie de serviço. Os vigilantes são treinados para empregar armas como pistolas, revólveres calibre 38 e espingardas calibre 12. Os cursos são ministrados por escolas credenciadas pela Polícia Federal. “Há todo um preparo para isso”, enfatiza Santos.

O líder sindical relata que a reação em uma situação de assalto depende de cada caso. Se a atitude do vigilante pode pôr em risco a vida de terceiros, a orientação é não reagir. A comunicação entre o contratante e a prestadora do serviço também é muito importante. “Na implantação do trabalho, conversamos com os clientes a respeito de alguns cuidados que eles precisam ter na hora do recolhimento de valores”, conta o supervisor operacional da STV, Jorge Barbosa.

O primeiro deles é quanto ao posicionamento do veículo próximo ao estabelecimento. Geralmente, ele é colocado de forma que, se houver uma tentativa de roubo, possa ser deslocado rapidamente. São avaliados ainda os lugares em que se fixarão os seguranças, os pontos vulneráveis do estabelecimento, e repassados aconselhamentos quanto a procedimentos para o momento do recolhimento do dinheiro. Em algumas ocasiões, é recomendado restringir o acesso de funcionários e clientes durante a ação.

Barbosa revela que, devido às normas das seguradoras, os carros-fortes podem circular no máximo até às 20h, mesmo não havendo uma restrição legal quanto a isso. Depois desse horário, não há cobertura securitária. “As seguradoras acreditam que após esse período aumenta a vulnerabilidade”, diz Barbosa. A STV, usualmente, começa a coleta pelas 8h. O supervisor prefere não revelar todas as providências tomadas pela empresa para inibir os atos criminosos, contudo, adianta que uma das apostas da STV é na tecnologia. Os carros-fortes do grupo são monitorados via satélite, sendo possível acompanhar os trajetos deles pelo computador e realizar intervenções remotas.

O valor a ser movimentado é outro fator que define como será a operação. Até R$ 20 mil, pode ser utilizado um carro leve. Para montantes superiores são empregados os carros-fortes e quatro agentes: o motorista, o chefe da equipe e dois seguranças. O custo do serviço depende de questões como a região em que será feito o trabalho, a distância a ser percorrida, entre outras.

Insegurança aumenta a blindagem de carros no País

Cada vez mais os brasileiros buscam carros capazes de resistir aos disparos de armas de fogo em assaltos.MASTER BLINDAGEM/DIVULGAÇÃO/JC

O medo e a crescente violência urbana foram os grandes responsáveis por manter o segmento de blindagem automotiva em alta no País no primeiro semestre de 2011. De acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), 3,72 mil veículos receberam esse tipo de proteção nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 8,39% na comparação com o mesmo período de 2010, quando 3.432 carros foram blindados.

A blindagem mais praticada no mercado é a de nível III-A, que suporta até tiros de pistolas 9mm e revólveres .44 Magnum. “Esse nível de proteção é o mais adequado à atual realidade enfrentada nos grandes centros, pois garante proteção contra as maiores ameaças de armas curtas de fogo (revólveres, pistolas e submetralhadoras) em mãos da criminalidade”, afirma o presidente da Abrablin, Christian Conde.

No ranking dos estados, São Paulo concentra 80% dos carros blindados. O Rio de Janeiro vem em segundo lugar, com 10%, seguido por Pernambuco e Paraná, com 2% cada. Os outros 6% desse universo blindado estão distribuídos entre os estados da Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “O setor tem passado por uma descentralização. Estados do Nordeste, por exemplo, que antes não constavam nas estatísticas da entidade, passaram a ter participação, assim como os estados que compõem a região Sul do País”, relata Conde.

Legislação define normas rígidas

Por obrigação legal, o transporte de grandes valores precisa ser feito por uma empresa especializada ou pelo estabelecimento financeiro, desde que organizado e preparado para tal fim, com pessoal próprio, aprovado em curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da Justiça.

O advogado Edgar Yuji Ieiri, membro do escritório Ortega e Ieiri Sociedade de Advogados, admite que é comum perceber bancários que transportam valores, cheques e documentos em pastas, utilizando veículo próprio, táxi ou transporte público. “Inclusive, não é difícil encontrar postos de atendimento bancário (pequenas agências) sem a segurança adequada”, aponta ele.

O descumprimento das normas pode gerar advertência, multa e, por fim, interdição do estabelecimento. Um caso dessa natureza aconteceu com um grande banco brasileiro, que foi condenado a pagar R$ 150 mil por danos morais a um bancário da cidade de Juína (MT) que era obrigado a fazer o transporte de dinheiro de forma irregular.

A decisão foi da juíza Dayna Lannes Rizental, em atuação na Vara do Trabalho de Juína, em uma ação na qual o ex-empregado buscou receber também outros direitos trabalhistas. Contou o trabalhador, na petição inicial, que fazia diariamente o transporte de dinheiro entre o banco e a agência dos Correios e todas as semanas para o posto bancário nos Correios da cidade de Castanheira. O bancário disse que, para levar os valores até a agência dos Correios, todos os dias contava o dinheiro e o dividia entre seus bolsos, colocava dentro das calças, nas meias e guardava até na cueca, por temor de ser assaltado.

Ieiri informa que as normas de segurança para instituições financeiras e o funcionamento de empresas de segurança privada e transporte de valores são especificadas na Lei 7102/83. A norma aplica-se aos estabelecimentos financeiros como bancos públicos ou privados, caixas econômicas, sociedades de crédito, suas agências, postos de atendimento, subagências e seções, assim como as cooperativas singulares de crédito e suas respectivas dependências.

Conforme a legislação, é vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro no qual haja guarda de valores ou movimentação de numerário que não possua sistema de segurança. O que inclui pessoas adequadamente preparadas (vigilantes treinados); alarme capaz de permitir a comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo.

Além disso, o estabelecimento precisa ser equipado com pelo menos mais um dos seguintes dispositivos: equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos assaltantes; artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação ou captura; e cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento.

O advogado aconselha que, no momento de contratar uma transportadora de valores, seja observado se a empresa possui autorização do Ministério da Justiça, se fornece treinamento quanto ao uso de armas de fogo e cursos de reciclagem profissional, assim como equipamentos de proteção, como coletes e uniformes. O advogado detalha que, geralmente, casos de incidentes durante o transporte de valores, como um assalto em que um transeunte é ferido, se tratam de uma questão de responsabilidade civil, dependendo da situação. Se ficar caracterizada a culpa do banco ou da empresa de segurança privada, poderão responder a uma ação de reparação de danos. “Havendo o descumprimento da Lei 7.102/83, a meu ver, haverá culpa da instituição financeira e da companhia de segurança privada”, adverte.

Trânsito mais intenso exige maior definição das rotas e dos horários

O aumento do trânsito nas grandes cidades tem influenciado no transporte de valores. “O reflexo dessa intensificação implica cuidado maior na definição das rotas e horários acordados com os clientes, bem como na realização de um esforço extra para que os compromissos sejam honrados e os trabalhos realizados de modo satisfatório”, comenta o diretor de Administração, Finanças e Recursos Humanos do Grupo Protege, João Cappi.

O dirigente ressalta que o Grupo Protege vem investindo em tecnologia, principalmente para a melhoria da comunicação, rastreabilidade de seus veículos e melhor definição de trajetos. Ele destaca que no momento de realizar o transporte de valores os cuidados incluem a atenção constante, comunicação, conhecimento e obediência aos procedimentos de segurança e manter a discrição e o sigilo em todos os aspectos que envolvem tanto as atividades quanto as informações.

De acordo com Cappi, os roteiros são elaborados com base no planejamento das operações, através de sistemas específicos em logística e profissionais especializados. O Protege possui cerca de 3,5 mil clientes ativos em vários segmentos, em todo o País. Entre os seus contratantes estão bancos, supermercados, lotéricas, automação bancária, farmácias e drogarias, postos de combustíveis, atacadistas, redes varejistas, entre outros. A companhia realiza aproximadamente 300 mil operações por mês.

LINK: JORNAL DO COMERCIO RS

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