domingo, 15 de maio de 2011

A Importância da Gestão de Riscos na Prevenção de Roubo de Carga Rodoviário

Os riscos nas operações logísticas mais comuns a qualquer atividade empresarial as quais não poderão ser desconsideradas na análise de risco são respectivamente:

“Roubo de carga (embarcada ou armazenada), avaria da carga (decorrente de acidente no transporte ou sinistro no armazém como inundação, incêndio e/ou desabamento), acidente ambiental (decorrente do derramamento de produtos químicos transportados em áreas de mananciais), acidente automobilístico (decorrente da combinação de fatores como a negligência ou imprudência do motorista, das más condições das estradas e/ou das más condições meteorológicas), bloqueio da estrada (decorrente de fenômeno natural como deslizamento de terra, queda de ponte, inundação), manifestação sociais (greves; movimento dos sem terra, índios), greve (movimento sindical que paralisa os motoristas e os carregadores, ou ainda os agentes alfandegários) e naufrágio (acidente no transporte fluvial ou marítimo de carga, decorrente das más condições climáticas e até por ações “piratas)” (FARIAS, 2010, p.2).

Seja qual for o tipo de análise de risco (matemático ou subjetivo) utilizada pela gestão risco, o principal objetivo é garantir que o produto desde sua origem, armazenagem, movimentação, transporte e entrega ao cliente final seja feita da melhor forma possível e segura, tudo com o fito de se obter melhor resultado operacional, administrativo e financeiro.

Nos casos em que apesar da análise de risco tenham sido favoráveis ao transporte de carga rodoviário e, mesmo assim, por questões fortuitas a ação humana na proteção dos bens transportados possa ocorrer alguma forma de perda, são importantes três ações de contra-medidas da gestão de risco como forma de preservação do ativo organizacional, a fim de minimizar os efeitos de uma crise estabelecida em um fato concreto como por exemplo de roubo de carga.

“Medida de Intervenção Direta – são ações imediatas de intervenção sobre o sinistro em andamento. Que vão desde o bloqueio do veículo de carga e o acionamento de apoio dos órgão governamentais (policia, bombeiro, SAMU etc.), até o envio de veículo para transbordo da carga e a ativação do Comitê de Crise que a empresa deve estabelecer em sua política de Gestão de Risco; Medidas de Limitação da Crise – significa estabelecer os limites da crise e não permitir que se estenda além destes, compartimentando as consequências por meio de ações de contenção. Proteger o nome da empresa cobrindo o logotipo da mesma no veículo, retirar o uniforme do motorista e acionar a assessoria de imprensa; Medidas de Restauração da Operação – são as medidas que visam retornar as operações afetadas pela crise, no menor tempo possível. O transbordo da carga para outro veículo e a continuidade da viagem, ou a transferência da carga de um armazém afetado para outro mais seguro, ou ainda a troca do motorista que não esteja em condições de seguir viagem, entre outras de acordo com cada crise” (FARIAS, 2010, p.2).

Estas são algumas medidas de gerenciamento de risco que podem ser adotas no transporte de carga rodoviário, todavia, cada empresa deve estabelecer seu plano de gerenciamento de risco com base nas análises estabelecidas, necessidades, critérios de riscos envolvidos e de acordo o contexto do negócio da atividade logística.

A GESTÃO DE RISCO E A ISO 31000

Pode-se observar que quando se fala em gerenciamento de risco vimos logo à importância que ela tem em todo o processo logístico, mas precisamente no transporte de carga rodoviário.

“O foco no transporte de carga não é à toa, ocorre que cerca de 60% dos custos da logística está no transporte. Sendo assim, os custos em decorrência de perdas nesta atividade trás impacto direto para toda sociedade e não apenas para as transportadoras, gerenciadora de risco e seguradoras, pois estas perdas acabam por ser repassadas para os consumidores finais” (MORETTI, 2010, p. 20).

Com o advento da ISO 31000 o gerenciamento de risco deve ser organizada a partir do framework (estrutura) de processos proposto pela norma no qual visa à estruturação da gestão de riscos nas organizações. Apesar de que a ISO 31000 não apresente os métodos que devem ser utilizados para a identificação dos riscos, análise de risco e monitoramento dos riscos os quais serão somente apresentados na ISO 31010, todavia, ela dá a estrutura de como fazer a gestão e apresenta os processos que cada gestor de risco pode seguir, utilizando as ferramentas já existentes e utilizadas hoje, pois nenhuma delas foi invalidada.

A ISO 31010 traz em sua norma, 28 tipos de análise de gestão de risco os quais as organizações podem escolher a melhor forma que se adapta ao seu negócio. Desta forma cada gestão de risco poderá mensurar seus riscos e suas perdas em decorrência de sua atividade final.

Qualquer que seja o método de análise de risco utilizado pela gestão de risco no transporte de carga rodoviário, este deve mensurar de forma clara e objetiva quais os impactos financeiros e possíveis perdas podem ocorrer em decorrência desta atividade. Sendo assim, pode-se citar o método Brasiliano que tem contribuído de forma decisória junto às organizações de transporte de carga rodoviário onde os recursos financeiros devem ser investidos de forma a proteger o ativo organizacional, proporcionando melhores resultados financeiro.

Embora o custo da perda em um caso concreto de roubo de carga via rodoviário seja percebido apenas do total da carga subtraída, é importante ressaltar que há outros custos envolvidos os quais não são percebidos por muitas organizações e que devem ser levados em consideração.Para exemplificar outros custos em decorrência de um roubo de carga rodoviário, Moretti (2010, p. 21) propõem a seguinte equação de perda:

CP= Sp + St + Cc + Rc – (I-P)

  • CP – custo da perda
  • Sp – é a substituição permanente do produto, aquilo que foi efetivamente roubado.
  • St – é a substituição temporária, ou seja, os recursos gastos com a operacionalização de substituir temporariamente o caminhão, motorista, pedágios, frete, e tudo que foi gasto para atender a ocorrência.
  • Cc – é o custo consequente, que é a perda gerada em decorrência da ocorrência, que pode ser, em muitos casos, maior do que o valor da carga, por exemplo a perda de um cliente.
  • Rc – é a redução do dinheiro em caixa, que neste caso só será contabilizado o dinheiro, em espécie, caso tenha sido roubado ou se também era transportado.
  • I – é a indenização que o seguro pagará, caso a carga seja segurada.
  • P – é o prêmio pago pelo seguro até o momento da ocorrência e sabemos que o valor é maior devido ao tipo de carga e a quantidade de ocorrência existente.

De fato o custo da perda em decorrência de um sinistro logístico vai muito além da perda do produto roubado incluindo desde o não cumprimento dos prazos acordados com o cliente até a sua necessidade, quando não for atendida. Assim a análise de risco juntamente com uma gestão de risco alicerçada com a ISO 31000 dá aos gestores que atuam neste seguimento oportunidade concretas de análise de risco com foco na excelência operacional na busca por ferramentas de gestão que auxiliam a tomada de decisão na hora de escolher qual a melhor forma de se transportar um bem material no transporte de carga rodoviário.

Contudo, apenas a análise e gestão de risco não resolvem os problemas destacados. É preciso que as transportadoras, gerenciadoras de risco e operadores logísticos invistam continuamente em recurso tecnológicos de segurança, tanto para a proteção de seus veículos quanto para os centros de distribuição – CD’s ou locais de armazenagem. Deve-se investir na infraestrutura dos referidos locais de forma que está propicie ao corpo operacional maior segurança, bem estar e conforto durante a operacionalização dos produtos e serviços dispostos nestes ambientes. Ressalta-se que a qualidade desta atividade depende da integração dos profissionais de logística e segurança para a melhoria continua dos serviços oferecidos aos clientes.

FONTE: O GUEDES, POR: Sérgio Leônidas Dias Caldas

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